sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Responsabilidades e o papel da fisioterapia no tratamento da dor


Por:
Artur Padão Gosling
Alessandra Evaristo Dantas
Humberto Leal Cruz Neto
Raphael Luz de Souza
Marcia Valéria Aquino Molinaro

      Ao considerarmos a dor como o principal sintoma que faz as pessoas buscarem serviços de saúde, a fisioterapia tem a responsabilidade de atuar significativamente nos cuidados ao paciente com dor. Porém, se consideramos a dor como um problema de saúde, atuação da fisioterapia depende da integração multiprofissional e interdisciplinar. Síndromes dolorsosas como as cefaléias, lombalgias, fibromialgia e síndrome dolorosa miofascial, comuns a diversos serviços de saúde brasileiros, mantém pacientes incapacitados e afastados de suas atividades diárias. Em vista disso, a formação do fisioterapeuta brasileiro se encaixa nas necessidades dos pacientes com dor, principalmente quando falamos de controle da dor e recuperação físico funcional. Abordagens são propostas com o objetivo de modular a dor, modificar percepções distorcidas e comportamentos anormais, combater crenças, mitos e atitudes disfuncionais, ganho de função, retorno as atividades e melhora da qualidade de vida. Por isso, podemos dizer que a fisioterapia no tratamento da dor é uma intervenção física e cognitiva comportamental, baseada em estratégias de educação e manejo da dor.

       A atuação nos diversos níveis de atenção a saúde também são de responsabilidade do fisioterapeuta. Apesar da aceitação sobre a dor ser um problema de saúde mundial, a avaliação, tratamento e prevenção da dor são desafios a serem superados. Barreiras como a falta de conhecimento científico, a falta de pesquisas e de fundos financeiros contribuem para o subtratamento da dor por fisioterapeutas e outros profissionais. Eventos promovidos nos últimos 5 anos pela Associação Internacional para o Estudo da Dor concluíram que existe um grande déficit de conhecimento sobre a neurofisiologia e manejo da dor em todos os profissionais da saúde. Portanto, se faz necessária uma formação diferenciada e de educação continuada em dor.


       A responsabilidade social do fisioterapeuta vai além do tratamento da dor. O respeito e dedicação ao paciente com dor são pontos muitas vezes esquecidos pelos profissionais. Frequentemente, pacientes com dor são destratados, humilhados pelos serviços de saúde e ignorados pelo seu comportamento de estar doente. A busca incansável por tratamentos, pela cura e por diversos profissionais de saúde são características marcantes aos pacientes que sofrem de dores persistentes, adquirido a necessidade de mostrar a importância dos sintomas aos profissionais – comportamento doloroso. Além disso, é dever do fisioterapeuta devolver aos pacientes o convívio social e estimular o retorno ao trabalho, com o objetivo de fortalecer a economia e valorizar o trabalho dos serviços de saúde brasileiros. Alívio da dor é um direito do paciente com dor, porém o alivio do sofrimento e das incapacidades é uma responsabilidade social e ética do fisioterapeuta.


       O papel da fisioterapia exige uma atuação holística com uma abordagem biopsicossocial, o qual traz uma visão mais abrangente e humana. O contato frequente com os pacientes em sofrimento, com a incapacidade funcional e com as dificuldades em lidar com a dor necessita que o fisioterapeuta seja um profissional diferenciado. Outro importante papel da fisioterapia no tratamento da dor é desenvolver estratégias para uma boa relação com o paciente: comunicação eficaz, habilidades e educação em dor. Por diversas vezes, a relação entre o fisioterapeuta e o paciente com dor torna-se distorcida pela dificuldade que o fisioterapeuta tem em lidar com a dor e com os problemas trazidos dos pacientes, por expectativas opostas e irreais quanto ao tratamento, preocupação excessiva em aplicar técnicas e a pouca integração com outros profissionais de saúde. A maioria dos problemas trazidos pelo paciente com dor persistente não serão resolvidos com modalidades físicas. Portanto, a atuação do fisioterapeuta não deve se limitar somente a aplicação de técnicas para o alívio da dor. A compreensão, a forma de lidar com problemas e preocupações dos pacientes, o entendimento da proposta de tratamento, expectativas reais e as recomendações, bem como o ajuste das terapias as necessidades particulares aumentam as chances de adesão e efetividade do tratamento.
 

      O entendimento da definição de dor proposta pela Associação Internacional para o Estudo da Dor em 1994 resume as principais dimensões envolvidas na dor e mostra justamente as principais deficiências dos profissionais de saúde no conhecimento sobre a dor – “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão real ou potencial dos tecidos ou descrita em termos de tais lesões”. Olhando para esta definição, vemos a importância de fatores emocionais, comportamentais e cognitivos, os quais somam-se aos aspectos físicos dos pacientes, tornando a dor uma experiência subjetiva e pessoal, influenciada por crenças, atitudes, cultura e religião. Portanto, não existe uma dor puramente física ou psíquica. Existem, na verdade, experiências dolorosas que ocorrem ao longo da vida das pessoas e que, em algum momento, podem tornar-se complexas, incapacitantes e sofridas. Cabe ao fisioterapeuta ter um papel profissional de educador, sendo responsável por atender as necessidades da população brasileira e para contribuir de forma integrada as equipes multiprofissionais e interdisciplinares de dor.

Nunca ignore a dor; ela é um importante sinal de alerta do corpo

A dor possui aspectos positivos, pois os incômodos que sentimos no corpo significam que estamos vivos e somos capazes de enviar estímulos ao cérebro

Sabe aquele ditado “ruim com ela, pior sem ela”? Pois é, ele pode ser aplicado à dor. Isso mesmo. O fato é que, apesar de ninguém gostar de sentir dor, ela é muito importante para nossa saúde e bem-estar. Afinal, ela é um sinal de alerta, indicando que algo está errado, e também um mecanismo de proteção, apontando que há um perigo que deve ser evitado.

“A dor é um sintoma muito importante, pois é a forma que o corpo tem de se comunicar com a gente, nos informando de que algo está errado”, afirma o quiropraxista Luiz Miyajima, pós-graduado em quiropraxia esportiva pela New York Chiropractic College (EUA) e responsável pela clínica QuiroVida no Brasil.

Quando uma pessoa sente dor, na maioria das vezes ela tem duas reações: tomar algum medicamento que dê alívio imediato ou ignorar e esperar passar. E as duas reações são muito perigosas.

Muitos brasileiros têm o costume de tomar medicamentos para eliminar a dor – muitas vezes sem procurar assistência médica. Só que isso, além de não resolver o problema, pode também agravá-lo. Afinal, os analgésicos eliminam a dor, mas não a enfermidade, e não tratar a causa da dor pode fazer com que ela se agrave e se torne ainda mais difícil de curar.


“Devemos nos preocupar com o que está causando a dor, e não somente em melhorarmos os sintomas. Descobrir a sua origem é fundamental para evitar o agravamento do problema”, diz Miyajima. Além disso, o abuso de analgésicos tem consequências ruins, pois, com o uso contínuo de medicamentos, o cérebro pode passar a não produzir endorfinas, um analgésico natural, e acarretar problemas como a cefaleia crônica diária.


Por outro lado, muitas pessoas acreditam que a dor é passageira e não é motivo para procurar um médico. Mas isso é igualmente perigoso “Seria o mesmo que ter um alarme contra incêndio e não tomar nenhuma atitude quando o mesmo dispara. Pode ser somente um alarme falso, mas também pode ser um grande incêndio. Por isso a investigação sempre deve ser realizada”, afirma  Andreia Lusvarghi Witzel, professora de Estomatologia Clínica da USP.


Um bom exemplo dessa situação é o câncer de boca: os pacientes geralmente procuram assistência médica somente depois que a dor se torna muito grande, o que acontece quando o tumor já está em estágio avançado - o que dificulta e pode inviabilizar o tratamento.


Dores nas costas, que geralmente são ignoradas, podem esconder problemas mais graves, como o complexo de subluxação vertebral, uma disfunção articular que causa a alteração da faixa normal de movimento e muitas dores nas articulações.


Por isso é importante não desprezar ou tentar disfarçar a dor, mas sim buscar suas causas. Nenhuma dor, por menor que seja, deve ser ignorada. Se o corpo está enviando um sinal de alerta, é importante ouvi-lo e investigá-lo. “O que temos que ter em mente é que a dor só deve ser tratada depois de diagnosticada, pois eu não desligo o alarme do incêndio enquanto não tiver certeza que o fogo está apagado ou pelo menos que os bombeiros já chegaram”, ressalta Witzel.



  • Se não sentíssemos dor, provavelmente não saberíamos que estamos machucados ou doentes, e não procuraríamos por tratamento
Não sentir dor é problema
Assim, a dor tem um papel fundamental na sobrevivência e preservação. Afinal, se não sentíssemos dor, provavelmente não saberíamos que estamos machucados ou doentes, e não procuraríamos por tratamento, o que levaria a uma piora do quadro e até mesmo à morte. Exagero? Nem um pouco. Algumas pessoas que sofrem de uma doença rara chamada CIPA (insensibilidade congênita à dor) sabem bem como é perigoso não ter esse alarme natural do corpo. Por uma disfunção no sistema neurológico, elas simplesmente não podem sentir qualquer espécie de dor.

O que para alguns pode parecer uma grande vantagem na verdade é um risco muito complicado. Afinal, por não sentirem dor, essas pessoas não percebem situações como queimar a mão numa panela quente, cortar o braço em um objeto afiado ou mesmo quebrar um osso. E isso pode ter consequências complicadíssimas, pois o quadro não tratado pode se agravar ou evoluir para infecções. “Em geral pessoas que sofrem desse mal morrem muito jovens, quase sempre por motivos banais como queimaduras ou pequenos ferimentos”, aponta Witzel,


A dor também pode ser sentida em casos que não há um ameaça direta ao organismo, como por exemplo, em casos de estresse, em que a pessoa pode sentir dores nas costas ou dores de cabeça. “Não é necessário alteração ou lesão no organismo para causar dor”, diz George Miguel Góes Freire, anestesiologista, acupunturista e algologista do Hospital Albert Einsten. Mas mesmo assim ela se constitui um sinal de alerta de que há algo está errado: senão no organismo, no modo de viver, sendo importante agir para mudar o contexto – buscando o equilíbrio e o bem-estar – para eliminar essa dor.



Fonte: http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/10/02/nunca-ignore-a-dor-ela-e-um-importante-sinal-de-alerta-do-corpo.htm 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Conheça mais sobre a dor

Introdução

“DOR - Experiência sensitiva e emocional desagradável associada ou relacionada a lesão real ou potencial dos tecidos. Cada indivíduo aprende a utilizar esse termo através das suas experiências anteriores.”
IASP- International Association for the Study of Pain


“A dor continua sendo uma das grandes preocupações da Humanidade. Desde os primórdios do ser humano, conforme sugerem alguns registros gráficos da pré-história e os vários documentos escritos ulteriormente, o homem sempre procurou esclarecer as razões que justificassem a ocorrência de dor e os procedimentos destinados a seu controle.

A expressão da dor varia não somente de um indivíduo para outro, mas também de acordo com as diferentes culturas”...

A ocorrência de dor, especialmente crônica, é crescente, talvez em decorrência de:
- novos hábitos de vida;
- maior longevidade do indivíduo;
- prolongamento de sobrevida dos doentes com afecções clínicas naturalmente fatais;
- modificações do ambiente em que vivemos; e provavelmente,
- do reconhecimento de novos quadros dolorosos e da aplicação de novos conceitos que traduzam seu significado.

Além de gerar estresses físicos e emocionais para os doentes e para os seus cuidadores, a dor é razão de fardo econômico e social para a sociedade”. (Prof. Dr. Manoel Jacobsen Teixeira – Neurocirurgião, Fac. De Medicina da USP).


Classificação

A dor pode ser considerada como um sintoma ou manifestação de uma doença ou afecção orgânica, mas também pode vir a constituir um quadro clínico mais complexo. Existem muitas maneiras de se classificar a dor. Considerando a duração da sua manifestação, ela pode ser de três tipos:

DOR AGUDA - Aquela que se manifesta transitoriamente durante um período relativamente curto, de minutos a algumas semanas, associada a lesões em tecidos ou órgãos, ocasionadas por inflamação, infecção, traumatismo ou outras causas. Normalmente desaparece quando a causa é corretamente diagnosticada e quando o tratamento recomendado pelo especialista é seguido corretamente pelo paciente.

A dor constitui-se em importante sintoma que primariamente alerta o indivíduo para a necessidade de assistência médica. Veja aqui alguns exemplos: - a dor pós-operatória (que ocorre após uma cirurgia); - a dor que ocorre após um traumatismo; - a dor durante o trabalho de parto; - a dor de dente; - as cólicas em geral, como nas situações normais (fisiológicas) do organismo que podem provocar dores agudas, como o processo da ovulação e da menstruação na mulher.

DOR CRÔNICA - Tem duração prolongada, que pode se estender de vários meses a vários anos e que está quase sempre associada a um processo de doença crônica. A dor crônica pode também pode ser conseqüência de uma lesão já previamente tratada. Exemplos: Dor ocasionada pela artrite reumatóide (inflamação das articulações), dor do paciente com câncer, dor relacionada a esforços repetitivos durante o trabalho, dor nas costas e outras.

DOR RECORRENTE - Apresenta períodos de curta duração que, no entanto, se repetem com freqüência, podendo ocorrer durante toda a vida do indivíduo, mesmo sem estar associada a um processo específico. Um exemplo clássico deste tipo de dor é a enxaqueca.


Fonte: http://www.dor.org.br/publico/intro.asp